Rushando por Racoon City — Uma análise de Resident Evil 3

Guilherme F. Mota
6 min readJun 18, 2021

Depois de longos meses de atraso, retorno ao blog , para dar continuidade a minha série de análises sobre a saga Resident Evil. Antes de começarmos, gostaria de me desculpar com o pequeno número de leitores que vêm acompanhando, através dos meus reviews, essa longa e aterrorizante jornada.

Com o recente lançamento de Nier Replicant ver. 1.2247, acabei perdendo mais tempo do que deveria (review a caminho!? não sabemos) e, junto a isso, somado ao fato de que o atual chefe de Estado brasileiro vem se esforçando para assassinar toda a população, perdi completamente o foco e a paciência para escrever sobre qualquer assunto.

Mas como você não acessou essa página para ler sobre minhas churumelas, voltemos nossa atenção ao jogo. Continuiando do ponto onde paramos em RE 2 e Code Veronica, analisaremos, neste artigo, Resident Evil 3, desenvolvido e publicado pela Capcom em abril de 2020.

Antes de começarmos, atenção a alguns avisos: Este texto trata, exclusivamente, do remake do game original lançado em 1999, para o finado Playstation, ou seja, da continuação direta do remake de RE 2, lançado em 2019. Como diversos aspectos do jogo, como gameplay, design de som e gráficos continuam os mesmos, nem piores nem melhores, não perderei muito tempo analisando-os, para maiores detalhes, sugiro esta outra análise.

Trama

Após os eventos do primeiro jogo, a, agora ex-membro da S.T.A.R.S, Jill Valentine, passou a buscar por uma forma de incriminar a Umbrella Corporation pelo desenvolvimento e mau uso do T-Vírus. A poucos dias de sair de Raccoon City, Jill se vê em um novo cenário de horror, já que, ao acordar, descobre que a cidade está completamente tomada por zumbis.

Para piorar a situação, Jill ainda passa a ser perseguida por Nêmesis, uma criatura extremamente resistente e poderosa, desenvolvida com o único objetivo de exterminar os membros da S.T.A.R.S que sobreviveram aos eventos ocorridos na Mansão Spencer. Em uma cidade devastada por mortos-vivos e com uma arma biológica em seu encalço, Jill passa a vagar pelas ruas e prédios de Raccoon City em busca por uma saída.

Ao longo de sua fuga, a protagonista se encontra com membros da Umbrella Biohazard Countermeasure Services (UBSC), mercenários contratados pela própria Umbrella para eliminar qualquer sinal de envolvimento da empresa com o recente desastre. Dentre esse grupo de elite se destaca Carlos Oliveira, um membro do esquadrão Alpha, que acaba salvando Jill em um de seus encontros com Nêmesis. Além dele, valem ser destacados: Mikhail Victor, comandante do pelotão; Tyrell Patrick e Nicholai Ginovae, um russo ganancioso e insuportável que faz de tudo para atrapalhar os planos da protagonista.

Toda a história se passa no ano de 1998, ou seja, na mesma época dos eventos vistos em RE 2, vividos por Claire e Leon. A diferença é que algumas passagens, deste jogo, ocorrem antes e outras depois, o que justifica a presença de áreas que exploramos durante o game — mas é melhor deixar esse assunto para depois.

Um bom jogo, um péssimo remake

Antes de começar a detalhar as partes mais problemáticas do jogo, ponto que mais incomodou a maioria dos jogadores, acho importante ressaltar suas qualidades, mesmo que poucas.

Um dos maiores destaques vai para o redesign de Carlos, que trouxe um carisma muito maior para o personagem

Assim como RE 2 Remake, essa sequência também foi feita com o motor gráfico RE Engine, sendo assim, o resultado gráfico final é tão positivo quanto o visto anteriormente. Os modelos de personagens e cenários estão extremamente bem-feitos e detalhados, a reimaginação de alguns designs também foram muito positivas.

Outra semelhança que pode ser vista está no gameplay, que também continua ótimo, tendo, como único diferencial, a adição de um botão de esquiva, que ajuda o jogador a escapar de situações mais perigosas.

Infelizmente esses não podem ser considerados méritos do próprio RE 3 Remake, já que todas essas qualidades são fruto do desenvolvimento de seu antecessor. Dito tudo isso, vamos aos problemas.

Diferente de seu antecessor, RE 3 é um jogo EXTREMAMENTE linear e curto, mesmo explorando cada cantinho de cada cenário, levei pouco mais de 4 horas para concluir a campanha. Para piorar ainda mais essa sensação de linearidade, ainda foram utilizadas diversas cenas scriptadas (cenas pouco interativas, em que o jogador só precisa movimentar o personagem para determinada direção), especialmente nas primeiras horas de jogo, em que Jill está despistando ou fugindo de Nêmesis.

Além disso, os cenários são bastante pequenos e pouco variados. Aqui temos apenas quatro, a própria cidade de Raccoon City, a delegacia (a mesma de RE 2), os esgotos, hospital e um laboratório. E eu sei que a saga RE não é conhecida por sua grande variedade de locais e cenários, mas tente entender que mesmo a mansão do primeiro jogo, ou a delegacia do segundo, conseguem ser muito maiores e ricas em detalhes do que quaisquer um dos locais citados anteriormente. E mesmo o bom e velho backtracking, usado em títulos anteriores para enriquecer, ainda mais, a exploração dos cenários, não é utilizado tão bem nesse remake — são pouquíssimas as áreas em que Jill precisa coletar certos itens para desbloquear passagens, armas ou objetos.

O arsenal e os inimigos são pouco variados, as lutas contra chefes bastante repetitivas, a munição é abundante demais e as salas de save estão posicionadas bem próximas umas das outras (de uma forma tão tosca quanto a vista em Dark Souls 3). O fator replay também se faz pouco presente. Mesmo que ainda existam pequenos bônus que podem ser desbloqueados após a conclusão da campanha, como roupas e armas com munição infinita, pouco é feito para incentivar o jogador a se aventurar novamente pelo game.

É uma pena saber que um vilão tão marcante foi completamente mal aproveitado

Conclusões Finais

Minha experiência com RE 3 Remake não foi das melhores, não que o jogo seja ruim, não é nada disso, mas sinto que faltou certo carinho por parte dos desenvolvedores, tanto para com o ritmo quanto para com o desenrolar da trama. A falta desses dois elementos, pegando só esses como exemplo, fazem com o game se pareça muito mais com uma sequência feita só pra arrecadar dinheiro (no melhor estilo FIFA ou COD) do que com uma obra digna da tão conceituada franquia Resident Evil.

É óbvio que algumas das decisões feitas pelo time de desenvolvimento foram tomadas com a melhor das intenções, pelo menos é o que se espera, mas parte delas são tão questionáveis e tão estranhas que é quase impossível não reclamar. Com esse potencial desperdiçado, só resta ao jogador re-jogar ou, como no meu caso, jogar o original lançado em 1999.

Bom, é isso, um review curto para um jogo curto. Espero voltar aqui, ainda em junho, para analisar Resident Evil 4, então até a próxima.

Gostou do artigo? Quer opinar sobre o game ou sobre algum ponto levantado durante o texto? Então não deixe de compartilhar suas ideias comigo aqui nos comentários.

[Algumas imagens utilizadas neste artigo foram retiradas do Google ou de perfis da comunidade do jogo na Steam]

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Guilherme F. Mota

Hi, I’m a Brazilian Journalist and History Student. I decided to make this my space to write about video games, great stories, and, maybe, other things.